China autoriza 183 empresas brasileiras a exportar café

A China autorizou 183 empresas brasileiras a exportar café para seu mercado, em uma decisão que pode reconfigurar as rotas comerciais do grão brasileiro. O anúncio foi feito pela embaixada chinesa no Brasil na última quarta-feira (30), no mesmo dia em que os Estados Unidos oficializaram uma sobretaxa de 50% sobre o café brasileiro, válida a partir de 6 de agosto.

A autorização chinesa, com validade de cinco anos, surge em um momento estratégico para o setor cafeeiro brasileiro. Os Estados Unidos são atualmente o principal destino do café nacional, representando 23% das compras em 2024, enquanto a China ocupa apenas a décima posição no ranking de importadores. A coincidência temporal entre as duas medidas sugere uma possível oportunidade para diversificar os mercados de exportação.

O mercado chinês apresenta características distintas do americano, com um consumo per capita ainda baixo de apenas 16 xícaras por ano. No entanto, o café vem ganhando espaço no cotidiano dos consumidores chineses, refletindo-se no crescimento das importações. Entre 2020 e 2024, as importações líquidas de café da China aumentaram em 13 mil toneladas, sinalizando um potencial de expansão.

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) alertam que a mudança nas rotas de exportação exigirá “agilidade logística e estratégia comercial” para evitar prejuízos ao setor. A adaptação às demandas do mercado chinês representa tanto uma oportunidade quanto um desafio para os exportadores brasileiros.

Enquanto o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) ainda busca reverter a taxação americana através de negociações, o setor já se prepara para diversificar seus destinos. A autorização chinesa pode servir como uma válvula de escape para parte da produção que seria direcionada aos Estados Unidos, amenizando os impactos da nova tarifa americana sobre a cadeia produtiva nacional.